Livros

Os retratos que queremos guardar para os próximos 50 anos não são mais de corpos quietos, obedientes, passivos diante do mundo. Os retratos da escola sem muros são de gente que convive e que faz dessa convivência a experiência que pode preservar a espécie humana, naquilo que ela tem de mais valor: ser HUMANA, o que quer dizer ser ÉTICA.

O sofrimento emocional que gera o bullying é visto com clareza na história dessas pessoas. Contudo, também existem outras situações anônimas, que ocorrem na sala de aula, no pátio da escola, nos banheiros, na quadra e no dia a dia, que transformam muitos alunos em alvos e, a outros, seus autores, em pessoas sem valor e cheias de rancor. Muitas vezes, isso transcende as paredes da escola e se transporta para o mundo virtual. Então, o cyberbullying se instala em todos os ambientes da vida dos estudantes e gera sofrimento, inclusive em suas famílias. Sendo assim, poderia parecer que a impotência se justificaria. Contudo, as possibilidades de intervenção para a melhora do clima escolar e da prevenção dos maus-tratos e da violência existem e podem estar ao nosso alcance.

Esse livro surgiu da urgência em trazer a mais meninos e meninas, em suas escolas, ações que possam eficazmente superar as condições de violência e tantos outros problemas nessas instituições, e da necessidade de que essas ações sejam pensadas, organizadas e compreendidas por professores e gestores.  Isso posto, e com base na complexidade que se manifesta nas relações interpessoais na escola, um programa de convivência vai muito além de uma ação pontual. Certamente não se muda a cultura da escola da noite para o dia, por ações paralelas, sobrepostas e que não convergem entre si. 

Se acontecer de presenciarmos o bullying ocorrendo, nós interferimos. Somos duros e usamos palavras de poder. Mas o que fazer quando, durante uma aula, depois de esclarecermos sobre os malefícios do fenômeno do bullying, ainda percebemos sinais de intimidação entre os alunos? Usar detetives e infiltrados seria indecente, então precisamos criar outras abordagens confiáveis para lidar com o problema.  O método de Preocupação Compartilhada (MPC) é um tipo de abordagem de trabalho de intervenção no bullying. A força da cura é liberada quando o professor que intervém e o suspeito de bullying, numa conversa privada, descobrem juntos uma possibilidade de este se tornar alvo de outros membros do grupo violento.